...em guimarães, ao ar livre na praça da oliveira, o filme dos filmes na versão original!...com alfredo e toto..."...Era uma vez um cinema que era o centro do mundo. E passavam muitas coisas na tela e estórias vertiginosas e pessoas que mudavam muitas vezes de vida e de cabelo e falavam diferente e com outros nomes. Ficava numa cidade pequena, sem alcatrão por chão e com a brancura e a intimidade das coisas muito próximas, num conhecimento quase absoluto dos outros – ao que se chamaria família, mas maior. E nela um rapaz: Toto (Salvatore Cascio).Ao encargo da mãe, de olho na irmã mais nova e sem o pai que foi para um daqueles sítios fardados de vermelho até secar de onde não se volta, Toto vivia encantado com o cinema. E o seu tinha o nome de Paraíso, Cinema Paraíso. Por seu cúmplice, Alfredo (Philippe Noiret): o homem responsável pelos sonhos, o projeccionista que faz rodar a película. O habitáculo predilecto para ambos é a pequena sala de projecções do Cinema Paraíso, onde Alfredo ensina a Toto o abecedário da sua profissão, perante o olhar nunca saciado do mais pequeno.Salvatore (Jacques Perrin), um renomado cineasta, a versão grande de Toto, recebe a notícia de que Alfredo está a morrer. Salvatore, que tinha partido da sua terra natal por conselho de Alfredo, para nunca mais voltar, para que não fique para sempre «cego», não consegue evitar o retorno. À terra e ao passado, à espera de ser saboreado no anseio do encontro dos amores que um dia estiveram mas mais lá não estão. E a viagem é deliciosa a quem vê, a quem ouve e a quem sorri.Esta é considerada por muitos a obra-prima de Giuseppe Tornatore. Venceu, inclusive, um Óscar para o Melhor Filme Estrangeiro e o Grande Prémio do Júri do Festival de Cannes. Mas não pela técnica. Essa a única mestria que possui é não atrapalhar. A beleza é do conteúdo, é da estória que se conta com o brilho de qualquer coisa que não se percebe, e mesmo passados muitos dias, muitas semanas e anos nos leva ao sorriso pela simplicidade e coração da voz do pequeno Toto.A banda sonora composta por Ennio Morricone, com a participação do seu filho Andrea Morricone, é um pérola sobre uma outra, uma pequenina sobre uma muito, muito grande. Como um sorriso a colorir os olhos mais bonitos da floresta. A melodia deixa à ingenuidade os pensamentos e, mesmo que sem nada concreto, as coisas dos sonhos acordados são as mais bonitas do mundo."
Hugo Torresin rascunho.net
